Sistêmico, colaborativo e integrado. Assim o coordenador de Saúde e Performance no Desportivo Brasil, Rodrigo Chaves, define o trabalho da equipe formada por 12 pessoas a serviço dos atletas de base e profissionais do clube. O professor universitário gerencia quatro grandes áreas essenciais para o desenvolvimento dos atletas do clube: Medicina, Fisioterapia, Preparação Física e Fisiologia e Nutrição.
“Sou apaixonado por esse time (três médicos, três preparadores, dois fisioterapeutas, uma nutricionista e três massagistas). São eles que fazem com que as coisas aconteçam tão bem”, diz Rodrigo, de 39 anos. “O Desportivo Brasil é muito bem organizado, tem uma excelente estrutura física e tem dois pontos muito fortes: investimento em processo, em fazer com que as coisas sejam feitas de maneira correta, com integração entre as áreas, e qualidade dos profissionais que trabalham aqui. Isso faz com que a roda gire harmoniosamente”.
Durante a pré-temporada, o trabalho de recuperação e força foi a ferramenta utilizada para que os atletas evoluíssem de forma satisfatória em janeiro e fevereiro, visando um campeonato difícil, com jogos todas as quartas e sábados. “Uma boa base do resultado do trabalho específico de força é o ganho de seis quilos de massa muscular em alguns atletas, pensando em suportar um torneio duro com jogos consecutivos e intensos”, explica o fisiologista.
Nesse contexto, a recuperação dos atletas é planejada com estratégias individualizadas. Como exemplo, Rodrigo conta que “há um ano e meio, em alguns jogos, organizamos a refeição pós-jogo dentro do vestiário, para que a recuperação seja o mais rápida possível. Os resultados têm sido bons, tanto na velocidade quanto na qualidade da recuperação”. O clube foi aprimorando ao longo do anos seus mecanismos de acompanhamento e evolução dos atletas. “O nosso intuito é obter informações confiáveis, de qualidade, de forma rápida, para não termos que perder tempo gerando relatório e sim interpretando os resultados para tomar boas decisões”.
O atual cenário forjado pela pandemia do coronavírus trouxe novos desafios à equipe coordenada por Rodrigo. Ainda no início do surto, em março de 2020, foram ministradas clínicas com informações sobre higiene pessoal (ênfase na lavagem das mãos) e exame antidoping e palestra com infectologista com o objetivo de melhorar a formação dos atletas em tempos excepcionais.
Com os jogadores passando mais tempo no CT, o controle dos profissionais da saúde sobre os atletas acaba sendo maior. “Tivemos muitas dificuldades, mas, juntamente ao departamento de futebol, desenvolvemos um protocolo de segurança com relação ao Covid, desde o uso de máscara especiais depois do jogo, quartos individuais no pós-jogo, testagens frequentes, concentração em integral no CT do clube etc. O sucesso deste protocolo pode ser medido pelo fato de não termos tido nenhum caso positivo em atletas do clube”.
Acostumado a trabalhar com jovens promessas, Rodrigo destaca sua passagem como fisiologista da equipe de base do Santos durante a geração de Neymar, Ganso, Rafael e Marcelo. “Adoro trabalhar com a base, onde a gente realmente pode contribuir na formação do atleta e essa contribuição não é fruto de treinamento. A gente tenta também que essa formação seja em função do ser humano, do cidadão, e o clube tem um papel importante nisso”.
Entre os sonhos de Rodrigo estão passar mais tempo com as duas filhas e esposa e que o futebol olhe mais para os processos do que para o “vencer a qualquer custo”. Se depender do trabalho realizado no Desportivo Brasil, ele está no caminho certo.