Jogador defendeu o Dragão entre 2009 e 2012, e essa história começou quando ele ficou empolgado com uma imagem do centro de treinamentos do clube
Gustavo Scarpa não conhecia o Desportivo Brasil em 2008, quando recebeu um convite para defender o clube. Fundado três anos antes, o Dragão vivia naquela época um processo de mudança de Barueri para Porto Feliz, e essa transição foi justamente um dos trunfos para contratar o armador que atualmente defende o Palmeiras. Foi uma imagem do que seria o centro de treinamentos da equipe que o convenceu a topar o desafio.
“Recebi um convite e fui com amigos. A gente fez um amistoso quando o CT era lá em Barueri ainda, no fim de 2008. O Desportivo estava em transição de Barueri para Porto Feliz. Cheguei lá, fiz o jogo, e o pessoal gostou. Já estava quase certo de eu ir para lá, mas não fiquei muito a fim, não. Aí depois meu pai me mostrou como seria o centro de treinamentos, e eu não pensei duas vezes: aceitei na hora e fui para o Desportivo em 2009. Fiquei feliz para caramba, evoluí muito como pessoa, amadureci muito. Foi um período muito importante na minha formação como jogador profissional. A estrutura é surreal. Foram anos muito bons, que me deixaram muito mal-acostumado com o que o clube oferecia”, conta o meia, que hoje tem 27 anos.
Egresso do futsal, Scarpa é um armador canhoto que se destaca pelo controle de bola e pela capacidade de finalização. Essas características fizeram com que o jogador se destacasse desde as categorias de base, mas foi outro traço de sua personalidade que mais chamou atenção desde então. “O maior aprendizado que eu tive não foi nem diretamente ensinado, mas com coisas que eu percebia lá: ter disciplina. Muita disciplina em relação a alimentação, horários. Eu via muitos jogadores com mais status internamente do que eu, talvez até mais talentosos, mas que não se cuidavam e viviam de forma desregrada. Com o passar do tempo, eles foram ficando para trás. O fato de eu conseguir manter uma disciplina me ajudou bastante e foi muito importante para minha formação como jogador”, diz.
Foi por ser disciplinado, por exemplo, que o meia reconquistou espaço no Palmeiras. Ele vinha sendo preterido entre as opções de meio-campo, mas ganhou uma oportunidade do técnico português Abel Ferreira quando se dispôs a atuar na lateral esquerda. Chegou a fazer várias partidas em diferentes posições até retornar a seu setor de origem.
O comprometimento chama atenção, mas Scarpa também se diferencia pelo nível intelectual. O meia é fã de literatura e até arrisca algumas resenhas de livros em seu perfil na rede social Instagram. Já criticou, por exemplo, obras como “O Pequeno Príncipe” (Saint Exupery), “Metamorfose” (Franz Kafka), “Crime e Castigo” (Fiódor Dostoievski), “Cem anos de Solidão” (Gabriel García Márquez) e “A Revolução dos Bichos” (George Orwell).
Scarpa chegou ao Desportivo Brasil em 2009 e ficou até 2012, quando foi negociado com o Fluminense. Chegou aos profissionais na equipe carioca, passou por empréstimo no Red Bull Brasil e voltou às Laranjeiras até sair para defender o Palmeiras. No currículo, o armador tem convocações para a seleção olímpica (em 2015) e para a principal (em 2017).
“Viagem internacional, a minha primeira foi com o Desportivo Brasil. Foi para a Irlanda do Norte e foi muito marcante para mim. Depois fui de novo para lá, mas também para Espanha, Portugal. Essas viagens me marcaram muito, e eu agradeço ao Desportivo pela oportunidade de ter conhecido outros países através do clube. Foram vários jogos, várias amizades, vários momentos engraçados. Teve uma vez em que tinha acabado a energia, e o CT ficou na maior escuridão. Os moleques fizeram uma rebelião! Foi um negócio engraçado. Foram momentos muito legais”, recorda o armador.
“Toda vez que eu olho algumas fotos ou vídeos da época em que eu jogava lá ou quando estou trocando uma ideia com algum amigo que jogou junto eu só consigo agradecer a Deus. Olho para trás com muita alegria e sorriso no rosto porque foram momentos muito legais”, finaliza Scarpa.
Crédito da foto: Cesar Greco