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Hall da fama: conheça Marquinhos Cipriano, o atacante “obediente” que virou lateral

Negociado com o Shakhtar Donetsk após ter disputado apenas um jogo como profissional, atacante chamou atenção pela disciplina e acabou se firmando como ala na equipe ucraniana

Entre as qualidades de Marquinhos Cipriano, nenhuma chama mais atenção do que a obediência. Foi esse comprometimento que fez o jogador chamar atenção da comissão técnica do Shakhtar Donetsk, time que defende desde 2018. Após dois anos de chances esparsas, o atacante seguiu trabalhando com disciplina e se disponibilizando para fazer funções defensivas. Recebeu então um convite para mudar de posição e cumpriu a nova missão: aos 22 anos, o atleta revelado pelo Desportivo Brasil tornou-se titular da lateral esquerda na equipe ucraniana.

Esse nível de comprometimento tem relação direta com o período em que o jogador vestiu a camisa do Dragão. “O aprendizado que eu tive no Desportivo Brasil foi a educação. Eles prezavam muito o estudo, as notas, com aulas como inglês. Isso me fez amadurecer como homem e como jogador. Se eu sou comprometido fora de campo, dentro de campo eu também vou ser. Vou obedecer o treinador, o massagista, o coordenador, o auxiliar. Meus pais sempre me falaram para ser obediente, e a minha obediência fora de campo, com tudo que o Desportivo Brasil me proporcionava, foi o que me levou a crescer”, contou Marquinhos em entrevista exclusiva.

Presença constante em categorias de base da seleção brasileira, Marquinhos começou a carreira como ponta. Chegou ao Desportivo Brasil quando tinha 13 anos e saiu aos 16. “A história mais marcante que eu tenho foi um campeonato sub-15. A gente chegou à semifinal do Paulista com um time que tinha muitos jogadores de qualidade. Nosso time estava muito bem encaixado, e aquele campeonato foi o mais marcante. A gente fez uma baita temporada, e todos os clubes falavam da nossa categoria. Aquele campeonato me levou a ser convocado para a seleção brasileira sub-17 do ano seguinte”, relatou.

O atacante seguiu chamando atenção na equipe do Morumbi. Em 2017, foi incluído pela revista inglesa “Four Four Two” em uma lista com cem maiores promessas do futebol mundial.

Em 2018, Marquinhos foi promovido ao time profissional do São Paulo. No entanto, disputou apenas um jogo, contra o São Bento, pelo Campeonato Paulista (derrota por 2 a 0). Foi negociado então com o Shakhtar Donetsk, time ucraniano conhecido pelas constantes apostas em jovens talentos brasileiros.

Na Ucrânia, até pela falta de lastro como profissional, Marquinhos precisou passar por um período de adaptação. Disputou somente cinco jogos em sua primeira temporada e teve um salto considerável no ano seguinte, quando apareceu em 12 partidas.

O que mudou tudo foi a nova posição. Marquinhos Cipriano teve uma conversa com o técnico do Shakhtar, o português Luis Castro, e surgiu dessa interação a proposta para migrar para a lateral esquerda. Na ala, poderia explorar sua velocidade e seguir atacando no corredor. Contudo, seria mais demandado na parte defensiva.

O que pesou nesse momento foi justamente o nível de entrega de Marquinhos Cipriano. Tanto é que o jogador, que chegou a figurar em listas de reforços de times como Fluminense, Internacional e Palmeiras, acabou se firmando na Ucrânia e se tornou titular na lateral. E tudo isso, ele reconhece, tem um elo direto com a passagem pelo Desportivo Brasil.

“Se o treinador me cobra é porque está cobrando o meu bem. Então aquilo eu levava de forma positiva, mesmo se ele estivesse falando negativamente. Foi o que eu mais aprendi no Desportivo Brasil: ser obediente, saber ouvir e tentar evoluir em todos os dias”, disse o agora lateral.

“Hoje eu olho para trás, e o que eu mais prezo é a união desde a rouparia, o segurança, a cozinha, o pessoal que cuida do gramado, o motorista que leva para escola, a professora de inglês, o pedagogo… o resumo é união. Um acolhe o outro, um ajuda o outro. Tinha épocas em que eu passava necessidade na escola, que eu não podia comer algo, mas meus amigos falavam: ‘vem aqui que eu tenho dinheiro’. Eles iam, compravam, me davam dinheiro, e o que eu mais prezo daquela época é esse acolhimento. Levo o Desportivo Brasil não como um clube, mas como uma família. Em todo lugar, quando me perguntam de onde eu vim, eu digo o nome do Desportivo Brasil. Foi o clube que me formou e que me fez ser o que eu sou hoje”, completou.

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